Comentário

Todos nós dizemos a mesma coisa, quando conversamos (ou, na maioria das situações, reclamamos) sobre a nossa cidade ou o nosso país. Não tem mais jeito, é assim mesmo, nunca vai mudar... Em outros países, o povo se mobiliza, vai às ruas, protesta, exige os seus direitos. Aqui, nós nos limitamos a reclamar em pequenos círculos de amigos, à hora do almoço, na fila do banco, diante da TV. Por isso, nasce este blog, sem nenhuma pretensão, exceto a de ser um espaço para reflexão. Porque o Brasil não é assim mesmo. Porque pode deixar de ser assim. Difícil? Sim. Mas quem sabe você que me lê e eu não conseguimos começar a mudança?

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A imprensa e os crimes horrendos

Não é de hoje que, cá comigo, questiono o papel da imprensa sensacionalista que empurra um microfone diante de um pai desesperado ao saber que o filho foi assassinado para perguntar "qual é o sentimento nessa hora". Não se tem mais respeito nenhum pelo pesar, pelo luto, pelo que-vou-fazer-agora das pessoas. A imprensa invade a privacidade de todos, igualmente, seja a atriz Cissa Guimarães, ou a pobre mãe de um jovem trabalhador que foi confundido com um assaltante. 

Também me incomodam as entrevistas com possíveis suspeitos - sempre "com exclusividade" por este ou aquele programa "daquela" emissora de televisão -  por exemplo, o casal Nardoni. Essas criaturas que sequer merecem ser chamadas de pessoas - tal a brutalidade do ato que cometeram ou encomendaram - aparecem em horário nobre para mentir, negar com a cara mais deslavada do mundo a sua participação na barbárie. 

Mas o que me inquieta agora é o papel da imprensa ao divulgar notícias que comprometem investigações e soluções para esses casos de crimes horrendos. A imprensa ou a televisão noticia que vai ser pedida a prisão do suspeito e imediatamente ele desaparece. O último desses casos é o da advogada de Guarulhos assassinada. A imprensa noticiou que seria pedida a prisão do ex namorado, e eis que ele já está foragido. Será que, se as investigações tivessem corrido em sigilo, ele não estaria agora atrás das grades?

A imprensa tem o dever de noticiar absolutamente tudo? Ou melhor, a imprensa tem o direito de noticiar absolutamente tudo? Creio que vale a pena fazer uma pausa e refletir se, no frigir dos ovos, isso é benéfico ou prejudicial para a investigação e solução desses crimes hediondos. 

Um comentário:

  1. Lili querida, penso igualzinho a voce, fico revoltada como a imprensa trata estas desgraças por dias a fio, dá nojo.
    E ainda tem os tais programas da tarde, que tb. exploram o tema até a exaustão.
    Parabéns, teu blog é 10.
    Beijos

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