Comentário

Todos nós dizemos a mesma coisa, quando conversamos (ou, na maioria das situações, reclamamos) sobre a nossa cidade ou o nosso país. Não tem mais jeito, é assim mesmo, nunca vai mudar... Em outros países, o povo se mobiliza, vai às ruas, protesta, exige os seus direitos. Aqui, nós nos limitamos a reclamar em pequenos círculos de amigos, à hora do almoço, na fila do banco, diante da TV. Por isso, nasce este blog, sem nenhuma pretensão, exceto a de ser um espaço para reflexão. Porque o Brasil não é assim mesmo. Porque pode deixar de ser assim. Difícil? Sim. Mas quem sabe você que me lê e eu não conseguimos começar a mudança?

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Greve geral

Como eu disse aqui, no primeiro post deste blog, em outros países o povo não se limita a reclamar à mesa do almoço, no metrô ou na fila do banco. Em outros países, o povo protesta de verdade. 

Na Europa, o dia de hoje promete ser de caos em 14 países. Milhares de trabalhadores de todo o continente vão sair ás ruas, em dezenas de capitais, para protestas contra os pacotes econômicos.  Mas os sindicatos da Espanha, o país mais afetado pela crise do ano passado, deram um passo além e convocaram uma greve geral.

Foram montados piquetes nos principais mercados de alimentos do país e poucos caminhões conseguiram entrar. Nenhum ônibus foi para as ruas de Madri. Os motoristas que tentaram foram bloqueados por grevistas sentados no asfalto. Os que insistiram foram cobertos por uma chuva de ovos.

Nas estações, a polícia garantiu o acesso aos trens, mas poucos passageiros apareceram e a maioria das partidas foi cancelada. O metrô só circulou com o serviço mínimo. As bancas abertas não tinham jornais para vender. Nos aeroportos, a adesão dos trabalhadores foi grande. Em Madri e em Barcelona muitos voos foram cancelados. Filas de passageiros se formaram em meio às manifestações.

Na capital da Catalunha, 90% dos táxis também aderiram à greve. Os hospitais funcionam normalmente, porém, e receberam sete feridos atropelados em piquetes, um em estado grave.

Na Espanha, depois da crise econômica a taxa de desemprego atingiu 20%. Em junho, reformas nas leis trabalhistas foram aprovadas e só serviram para incitar mais os ânimos e gerar mais protestos.

Talvez no Brasil nós sejamos pacíficos demais, conformados demais, acostumados demais com os absurdos que enchem diariamente as páginas dos nossos jornais e com os abusivos impostos que pagamos. Talvez nós tivéssemos que aprender a protestar, de maneira pacífica e democrática, e exigir o respeito que merecemos como cidadãos. Teremos uma boa oportunidade para iniciar esse processo no próximo dia 3 de outubro. Vamos fazer uma "greve geral" na nossa resignação. 

Não me entendam mal. Não sou uma revolucionária nem piqueteira por vocação. Mas estou cansada de ver nos telejornais crianças sem escola, doentes sem atendimento,  bandidos dominando bairros inteiros, transporte público de péssima qualidade. Não está na hora de dizer "BASTA"?

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