Tiroteio

Houve hoje uma cena de filme de ação, ao estilo hollywoodiano,  no Rio de Janeiro: bandidos e/ou traficantes invadiram um hotel, fizeram funcionários e hóspedes de reféns, depois de intenso tiroteio diante do hotel, em que morreu apenas uma mulher, que aparentemente fazia parte do bando. Mas o resultado poderia ter sido muito mais desastroso.  

Claro que isso aconteceu na véspera da Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro, quando a imprensa do mundo inteiro estava presente, e as manchetes já estão nos principais jornais de vários países. Depois é um trabalhão para convencer o mundo de que o Brasil não é assim mesmo... mas como, com a violência desenfreada nas ruas de nossas principais cidades?

Quando é que isso vai acabar? Quando é que as autoridades vão realmente tomar uma atitude para acabar com o domínio que os traficantes têm nas favelas? Quando é que a cidade do Rio de Janeiro será devolvida aos seus habitantes e voltará a ser a "Cidade maravilhosa"? Quando é que nós, contribuintes de todo o Brasil, que pagamos impostos caros. vamos voltar a ter o direito de andar em segurança, quando é que vamos poder andar sem carros blindados, quando é que vamos poder deixar de nos trancafiar em casa, atrás de alarmes, grades, cercas elétricas?

Como é que esses bandidos têm acesso a armas pesadas, que apenas a polícia deveria usar? Onde é que está a falha na fiscalização? Onde é que está havendo "vista grossa"? A campanha do desarmamento apreendeu apenas as armas que as pessoas tinham em casa, para sua própria segurança; os bandidos, esses continuam cada vez mais bem armados.

Por que não conseguimos realizar uma operação "tolerância zero" como houve, com sucesso, em Nova Iorque? Por que não conseguimos "desorganizar" o crime organizado? Nós estamos na contramão, distribuindo cartilhas para que a população aprenda a se proteger e a não reagir em caso de assalto ou invasão a residências, entregando sem pestanejar bens  conseguidos com muito esforço, e muitas vezes ainda nem quitados. Em vez de ensinar a população a se proteger, as autoridades deveriam combater o crime de maneira sistemática e incessante. 

Gente, o Brasil não é assim mesmo, tem que haver uma maneira de acabar com esta situação, de melhorar a segurança da população. Há vinte anos, eu ia a pé aos concertos noturnos no Teatro Municipal de São Paulo. Hoje não vou nem até à esquina. É preciso fazer alguma coisa, não é possível que não haja uma solução.

Ainda deveríamos refletir sobre os indultos de Natal, Dia das Mães, e etc., as reduções de pena por bom comportamento, e a justiça que permite até que réus confessos permaneçam em liberdade, enquanto aguardam o julgamento de todos os recursos possíveis e imagináveis, mas, como dizia Júlio Gouveia, no fim de cada episódio da primeira versão do Sítio do Picapau Amarelo, "esta é uma história que fica para uma outra vez"...