Nosso presidente declarou, em recente entrevista, a seguinte pérola: "Eu quero ensinar para algumas pessoas como é que um ex-presidente tem que se comportar. É fechando a boca e deixando quem foi eleito governar". Uma alusão óbvia a Fernando Henrique.
Nosso presidente tem uma obsessão com seu antecessor. Ele governa como um cachorrinho que joga terra atrás de si. Ele quer apagar os oito anos de FHC de nossa memória, ou, pelo menos, da sua. Um contrasenso, considerando que grande parte de seus feitos se devem à base deixada pelo governo anterior, a ponto de um jornalista norteamericano se referir aos "dezesseis anos do governo FHC". Talvez Freud conseguisse explicar essa obsessão. Um sentimento não resolvido por ter perdido sempre diante de FHC, exceto quando a Constituição não lhe permitiu mais concorrer?
Curioso que nosso presidente não tem nenhum problema com outros ex-presidentes que estão no Congresso... muito mais nocivos à nação, diga-se de passagem. Um deles sequer foi eleito, assumiu no lugar do presidente eleito e infelizmente morto antes de assumir. O outro foi mandado embora pela porta dos fundos. Curiosos os critérios de nosso presidente...
Eu gostaria de que o atual presidente também aprendesse como se comportar: trabalhar mais, governar mais, e fazer menos politicagem, comparecer a menos comícios, falar menos, viajar menos. Informar-se mais sobre o que acontece no seu governo, para depois não dizer que "não sabia". Não dar cargos a "amigos", mas a pessoas realmente capacitadas. Apurar criteriosamente os escândalos e realmente punir os culpados. Deixar de ofender a nossa inteligência com as mentiras proferidas em altos brados em cima de palanques.
Na mesma entrevista, Lula disse: "Eu estarei de prontidão para não permitir que não tentem fazer com ela [Dilma] todas as sacanagens que tentaram fazer comigo". Ah, quer dizer que ele não vai precisar "fechar a boca e deixar governar quem foi eleito"?
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