Tiririca e o tal coeficiente

E o Tiririca foi eleito deputado federal por São Paulo, com votação assombrosa, mais de 1,3 milhão de votos, o deputado federal mais votado do país, que por pouco não supera a votação (recorde) obtida por Enéas Carneiro em 2002.

Como se explica essa quantidade de votos? São votos de protesto? São indícios de que o eleitor não se importa com os seus parlamentares? Ou são sinais de que ele está revoltado com os parlamentares que os partidos lhe disponibilizam? O que leva o eleitor a votar em Tiririca e não votar nulo? Eu gostaria de entender.

O problema não é Tiririca, em si. Tiririca foi o produto de uma candidatura forjada pelo partido, até mesmo o seu lema, "pior do que está, não fica", foi fabricado pelos marqueteiros do partido, que pagou pela sua campanha eleitoral, com o objetivo de fazer dele um "puxador de votos" para obter mais cadeiras na Câmara dos Deputados, em detrimento de candidatos de outros partidos em quem os eleitores realmente votaram. 

Está na hora de mudar o nosso sistema eleitoral e extinguir o tal "coeficiente" que permite que Tiririca leve para a Câmara dos Deputados outros candidatos que, sozinhos, não teriam obtido votos suficientes para se eleger. Isso não é democracia. Democracia seria se os setenta deputados que irão representar São Paulo tivessem sido legitimamente eleitos pelo povo.