Comentário

Todos nós dizemos a mesma coisa, quando conversamos (ou, na maioria das situações, reclamamos) sobre a nossa cidade ou o nosso país. Não tem mais jeito, é assim mesmo, nunca vai mudar... Em outros países, o povo se mobiliza, vai às ruas, protesta, exige os seus direitos. Aqui, nós nos limitamos a reclamar em pequenos círculos de amigos, à hora do almoço, na fila do banco, diante da TV. Por isso, nasce este blog, sem nenhuma pretensão, exceto a de ser um espaço para reflexão. Porque o Brasil não é assim mesmo. Porque pode deixar de ser assim. Difícil? Sim. Mas quem sabe você que me lê e eu não conseguimos começar a mudança?

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Com esse nome, não batizo!

Aparentemente, há uma escassez de assuntos realmente importantes que mereçam a atenção e os votos de nossos parlamentares, pois tramita no Congresso um projeto de lei que visa proibir o registro de bebês com nomes de origem estrangeira. 


Vira-e-mexe aparece alguém que decide defender a última flor do Lácio de algum ataque imaginário... Há algum tempo, proibiram palavras estrangeiras na publicade. Sale deveria ser "liquidação", por exemplo. Nem preciso dizer que não deu certo, não é mesmo? Nos folhetos de lançamentos imobiliários, vemos que entre os itens de lazer se encontram "espaço gourmet", fitness lounge, playground, e outros mais. 

O Aurélio já registra deletar, por exemplo. Por que proibir, se podemos adotar e aportuguesar (ou abrasileirar) a palavra estrangeira? Em lugar de empobrecer nosso idioma, isso o enriquece. Uma nação que recebe de braços abertos a tantos estrangeiros dos mais diversos lugares do mundo não pode se dar a esses preciosismos. Ou vamos começar a traduzir sashimi, taco, esfiha, moussaka, ceviche, e outros tantos nomes de pratos que incorporamos ao nosso cotidiano? 

A França já foi ferrenha defensora de seu idioma, mas hoje em dia isso é passado. As palavras estrangeiras são pronunciadas com inequívoco sotaque, em geral transformadas em oxítonas, mas em seu idioma original. 

Por que, então, querem agora intrometer-se em assuntos de foro íntimo e familiar e determinar que um bebê não pode ser chamado Washington, William, Michael?  Mais justo, na realidade, seria alfabetizar e dar cultura às pessoas, de modo que Michael não se transformasse em Máicon. Mas nem isso deveria ser problema, afinal, se a família gosta do nome Máicon. 

Imagem obtida aqui

Com essa lei em vigor, muitas famílias se veriam privadas do direito de homenagear algum antepassado estrangeiro, dando o seu nome ao mais novo membro da família...  a novela Caminho das Índias não poderia ter influenciado muitas mamães a dar a suas filhinhas os nomes Maya, Indira, Surya... o Jornal Nacional não teria William Bonner como âncora...   nossa música se veria privada de Isaac Karabtchevsky e John Neschling... nas olimpíadas não teríamos a ginasta Daiane dos Santos, nem o velejador Torben Grael... o nosso esporte nacional perderia seus ícones Richarlyson (do São Paulo), William e Iarley (do Corínthians), Wellington, Patrik e Ewerthon (do Palmeiras)... e quem ocuparia o lugar de Edson Arantes do Nascimento, Emerson Fittipaldi e Ayrton Senna? 

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