Comentário

Todos nós dizemos a mesma coisa, quando conversamos (ou, na maioria das situações, reclamamos) sobre a nossa cidade ou o nosso país. Não tem mais jeito, é assim mesmo, nunca vai mudar... Em outros países, o povo se mobiliza, vai às ruas, protesta, exige os seus direitos. Aqui, nós nos limitamos a reclamar em pequenos círculos de amigos, à hora do almoço, na fila do banco, diante da TV. Por isso, nasce este blog, sem nenhuma pretensão, exceto a de ser um espaço para reflexão. Porque o Brasil não é assim mesmo. Porque pode deixar de ser assim. Difícil? Sim. Mas quem sabe você que me lê e eu não conseguimos começar a mudança?

domingo, 7 de novembro de 2010

"Enem" este ano deu certo...

De nada adiantou a proibição do uso de relógios mecânicos, lápis, borracha, apontador... novamente a prova do Enem teve problemas: cabeçalhos invertidos nas folhas de respostas, questões faltando, uso de celulares nos locais da prova... 

Apesar disso, o presidente do Inep, Joaquim José Soares Neto, considera que a prova "foi um sucesso". Para ele, os episódios dos erros de impressão e montagem das provas e de impressão do cartão-resposta não abalaram a credibilidade do exame. Seria interessante saber o que constituiria um "fracasso", na opinião desse senhor.

Quanto ao uso de celulares durante a prova, fato confirmado por alunos que fizeram a prova, Soares Neto não considera que tenha sido uma falha de segurança, justificando que não cabe ao Ministério da Educação fazer a segurança nos locais de prova. Se isso não é falha de segurança, não sei o que é...  Talvez isso pudesse ter sido evitado, proibindo que os alunos trouxessem consigo seus telefones celulares, e não se preocupando tanto com o lápis ou o apontador... 

Eu já fiz muitas provas nesta vida, e prestei quatro vestibulares, e o relógio é um elemento fundamental para o bom desempenho nas provas. Com certeza, faltou a iniciativa de se colocar um relógio na parede de cada sala.  O som de um alarme a meia hora do final da prova não é suficiente, nesse momento pode ser tarde demais para alguns alunos. Os fiscais foram orientados, então, a informar a hora sempre que um aluno lhes perguntasse. Imagine-se a confusão em uma sala de prova, com os alunos perguntando a hora a cada quinze minutos... quem consegue se concentrar nessas condições? 

Depois do "vazamento" da prova do ano passado,  fato que adiou a realização da prova e prejudicou milhares de alunos, pela falta de datas disponíveis na maratona de vestibulares no fim de ano, eles queriam recuperar a respeitabilidade e a confiabilidade do Enem. Não foi desta vez. Talvez os alunos prejudicados pelos cabeçalhos invertidos nas folhas de respostas ou pela falta de algumas questões em seus cadernos tenham que ser convocados para prestar outro exame e novamente não será fácil encontrar data disponível. 

O presidente do Inep diz que "nenhum aluno será prejudicado". Caro senhor, os alunos já foram prejudicados. Já dedicaram um fim de semana inteiro a uma prova que talvez tenham que fazer outra vez, e verão reduzido o seu precioso tempo de descanso quando se encaixar uma nova prova nos seus dias "livres". E o que dizer do estado de espírito dos alunos? Ninguém leva em conta o seu cansaço, o seu nervosismo? É o futuro deles que está em jogo. O exame não pode ser considerado com essa leviandade, "erramos, vamos fazer outra prova", é preciso mais seriedade, mais respeito com os futuros universitários, mais consideração pelas horas que passaram debruçados em cima de livros.  

Pois é. E nem este ano deu certo...

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