Nunca antes na história deste país prestei tanta atenção a uma campanha eleitoral, nunca me envolvi tanto. Tenho lido muito, notícias, blogs de analistas políticos, tenho acompanhado a campanha pela TV. Tenho aprendido muito e refletido muito. Consequentemente, estou horrorizada. São só mentiras, de todos os lados, promessas vãs, planos mirabolantes e inexequíveis, gente fazendo cara de inocente, "eu não sabia", sujeira sendo varrida para debaixo do tapete, denúncias sendo arquivadas, candidatos envolvidos em escândalos, e a lista segue, interminável.
Pior do que está, não fica. Claro que fica. Quais são as perspectivas para um país em que Tiririca será o deputado federal mais votado? E sem ter feito uma promessa sequer? Sem ter apresentado nenhuma proposta? Sem saber o que faz um deputado federal?
Mas a desgraça não se limita a isso. Para piorar o que já estava ruim, existe o sistema de proporcionalidade, previsto pela lei eleitoral, pelo qual o número de vagas de cada partido é definido pela soma de votos recebidos pelos candidatos e pela legenda, dividida pelo número de vagas a que cada Estado tem direito. Desta forma, parte das vagas no Legislativo pode vir a ser preenchida por candidatos que receberam poucos votos.
Como "puxador de votos", Tiririca poderá levar consigo Agnaldo Timóteo (que como vereador em São Paulo tentou mudar o nome do Parque Ibirapuera para Parque Michael Jackson), Milton Monti (que apresentou projeto de lei para tornar obrigatório o ensino de latim nas escolas), Juca Chaves, entre outros. O Caio Camargo, da rádio Eldorado, publicou em seu blog uma relação parcial de outros candidatos - (ex-) atletas, (ex-) cantores, que compõem a "campanha" eleitoral de 2010. Uma vergonha, como diria Bóris Casoy. Ainda seria melhor ter o Cacareco.
Todas essas pessoas, até mesmo o Tiririca, têm o direito de se candidatar. Mas se eleitos vão receber quinze régios salários anuais de R$ 16.000,00, além de muitas "ajudas de custo", durante quatro anos, ocupando cadeiras em que poderiam se sentar pessoas com muito mais história política, com muito maior bagagem cultural, com melhores propostas e maior contribuição para a sociedade brasileira.
A Lei da Ficha Limpa ainda precisa melhorar, e muito. Porque aquele deputado que é dono de um castelo é candidato à reeleição. Outros que levaram famílias e amigos à Europa com passagens pagas pelos contribuintes, também.
Mas além da Lei da Ficha Limpa, precisaríamos instituir a Lei do Bom Senso. O povo precisaria aprender que é engraçadinho votar nos Tiriricas, mas as consequências desse voto não serão tão engraçadinhas.
É com profundo desânimo que repito, o Brasil não é assim mesmo, há candidatos tão preparados, com propostas tão boas, mas não têm a menor chance. É bom, mesmo, que Deus seja brasileiro, vamos precisar de muita ajuda nos próximos quatro anos!
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